segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Alfredo Jaar e os olhos de Gutete Emeride



Alfredo Jaar problematiza a relação entre traumas sociais como as guerras, os genocídios e a fome, e as estratégias que podem ser adotadas para representá-los. O artista denuncia os mecanismos de informação global que documentam e disseminam essas tragédias pelo mundo, reivindicando em suas obras uma discussão acerca da ética e da política das imagens. Em visita a Ruanda logo após o genocídio de 1994, Alfred Jaar foi à Igreja Ntarama, perto da capital Kigali, onde quatrocentas pessoas da minoria Tútsi, entre homens, mulheres e crianças refugiaram- -se, foram emboscados e massacrados. No decorrer da sua pesquisa para o Rwanda Project, o artista conheceu Gutete Emerita, uma mulher que testemunhou in loco a chacina do seu marido e dois filhos, e cujos olhos gravaram para sempre o acontecimento.
Em The Eyes of Gutete Emerita, Alfredo Jaar empilha um milhão de slides (o número aproximado de vítimas ruandesas até o ano 2000) com o enquadramento do seu olhar, sobre uma mesa de luz. O documento focaliza a dor marcada nos olhos daquela sobrevivente, em vez de espetacularizar as imagens de horror e violência que eles um dia enxergaram.

Fiquei com um nó na garganta ao ver essa obra na Bienal de SP.