domingo, 4 de março de 2012

A minha caixinha

Hoje abri outro antotype feito com fotos daquela mesma borboleta. O papel foi pincelado com amora três vezes. Esmaguei amoras que já tinham passado do ponto, tirei as sementinhas e pincelei o papel uma vez. Pendurei para secar e repeti o processo duas vezes, até acabar a “tinta”. O papel ficou uns dois meses na gaveta, esperando por uma foto, uma inspiração. Depois, passou esta semana tomando sol em cima do telhado.

Fiquei feliz com o resultado mas, principalmente, por ter voltado a me dedicar aos antotypes. Digo que eles são a minha caixa do nada, como no vídeo que faz sucesso na internet onde o comediante Mark Gungor compara os cérebros feminino e masculino:




De fato, tenho pensamentos como um novelo, uma coisa levando a outra o tempo inteiro, como ele descreve o cérebro feminino. No entanto, quando comecei a produzir antotypes, no ano passado, foi como se encontrasse no meio da confusão a minha caixa de fazer nada, que ele descreve como um privilégio do cérebro masculino.
É claro que quando estou trabalhando neles, produzindo as tintas, pincelando os papéis, fotografando, imprimindo as lâminas... estou sempre fazendo alguma coisa. No entanto, é uma atividade onde consigo me desplugar do novelo cerebral... deixar de pensar em contas, compromissos, problemas, planos... naquele momento só quero conseguir belas imagens.
Em suma, eu entro na minha caixinha, aquela só minha. Saio, então, daquelas outras, iguaizinhas, como a Nara Leão canta lindamente em uma versão tupiniquim da música Little Boxes:

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